A melhor forma de despertar o saber em uma criança é estimular sua curiosidade, ela auxilia na formação do pensamento reflexivo e social. O mundo em que vivemos é complexo e interligado, cheio de novas informações que são capazes de mudar a direção de nossos planos a todo momento. Nesse sentido, por que deveríamos ensiná-las apenas as certezas e conhecimentos que parecem já pré-estabelecidos?
O mundo acelerado de hoje em dia promove descobertas novas diariamente, se a criança não é habituada a perguntar a origem destes fenômenos é hábitos é porque não se sente estimulada para tal. Dessa forma não procuram saber de forma espontânea como foram produzidos, por que, como, para que, por quem, etc. Isso demonstra uma clara falta de curiosidade.
A parte dos pais e educadores é sensibilizar as crianças a métodos mais científicos, como coleta de dados, observação, verificação de resultados através de experimentação, etc. A partir dessa nova postura, a criança passa a ter um papel ativo na interação em contextos diferentes, não se contentando só no recebimento de informações fornecidas pelo mundo, mas também as buscando de acordo com seu interesse pessoal. Assim, crescerá e aprenderá novos tipos de convivência, envolvendo-se melhor com o ambiente.
Situação em que a curiosidade foi estimulada
Ao levar um pequeno grupo de crianças em uma visita à fazenda e questioná-las sobre a forma que se tira leite da vaca, a seguinte resposta foi obtida:
- Basta abaixar e levantar o rabo da vaca.
Mesmo que para nós a resposta pareça incorreta, há uma lógica aparente na procura da solução por parte da criança, que a tem a partir de seu repertório de experiências limitadas: uma resposta feita para uma pergunta. Quando finalmente a mostramos como o leite é retirado, ela exclama:
- Uau! É preciso espremer o peito da vaca!
Nesse momento, foram questionadas várias outras coisas que poderiam ser obtidas a partir do mesmo processo, as respostas foram inúmeras: “tiramos suco da fruta espremendo”, “meu irmão espremeu a espinha de seu rosto”, entre outras.
Relação de causa e efeito
Máquinas e tecnologias cercam o ambiente em que a criança nasce, que a expõe a um grande número de informações, fazendo com que ela se contente em apenas recebe-las, e não mais questioná-las ou apontar o desejo de entende-las. Se não houver alguém capaz de despertar sua curiosidade, é possível que ela passe a conviver com a informação sem ter a necessidade de ter noção sobre um possível processo de produção, entendendo a coisa em si como algo que sempre existiu, mantendo uma visão superficial sobre o mundo ao seu redor.
É necessário que existe alguém com o objetivo de ensiná-la sobre a necessidade da relação de causa e efeito, meio e fim, entre os acontecimentos e fatos. Assim, refere-se à emergência de se desenvolver a habilidade de relação entre eventos e fatos, colocando-os numa sequência temporal.
Através da mediação é possível criar essa necessidade intrínseca. A interação de qualidade é uma interação direcionada a desenvolver esquemas cognitivos que permitam que a criança absorva uma melhor captação de informações, gerando novos conhecimentos. A mediação é focada no despertar da criança em ter interesse nos fatos e acontecimentos mundiais, antecipando possíveis consequências.
A escola e a família no despertar da curiosidade
A pergunta é a mais poderosa utilidade que o educador possui para conseguir ativar o processo de raciocínio, sendo imprescindível saber formular perguntas que levem a um pensamento eficiente. Estar atento à resposta da criança é também reconhecer se ela se encontra fornecida no universo da pergunta. Uma criança que cresce em um ambiente questionador possui mais chances de desenvolvimento de um pensamento reflexivo.
A criança aprende por imitação, o que facilita a construção de valores muitas vezes distorcidos e se não houver alguém experiente que justifique e construa esses comportamentos, é possível que a criança desenvolva valores inadequados.
A escola e a família são a base para os objetivos educacionais e devem estar atentos à construção de conceitos e valores. A escola deve se flexibilizar, seguindo a criança no processo de curiosidade e tendo destaque na formação do jovem, e a família precisa estar mais unida na orientação da afetividade e cultivo de valores pessoais e sociais.